6 de abril de 2018

MAIS UMA FILHA PARA DRÁCULA


             
A jovem vampira que faz seus selfie com suas vítimas
             Nos próximos dias 14 e 15 de abril, acontece aqui em São Paulo, o Festival Guia dos Quadrinhos, tradicional evento da área e que de certa forma abre para os outros eventos que irão acontecer no decorrer do ano como o Festival Internacional de Quadrinhos – FIQ e Bienal Internacional de Quadrinhos. E durante o evento, entre alguns lançamentos que com certeza acontecerão, um em especial trago para vocês que são as novas edições de Calafrio e Mestres do Terror, clássicas publicações criadas ainda nos anos oitenta pelo mestre Rodolfo Zalla e que após sua morte vem tendo sua continuidade garantida pelas mãos de Daniel Saks e sua editora Ink & Blood Comics.  Desde a edição sessenta e sete, venho colaborando diretamente na revista com a personagem Anya, a filha de Drácula.
           
Capa da nova edição
A proposta para conceber uma série para a revista Mestres do Terror (que justamente trabalha com personagens seriados ao contrário da Calafrio, que são histórias de terror avulsas) veio justamente durante uma conversa minha com o editor, acontecida na edição do ano passado, 2017, do referido Festival Guia dos Quadrinhos. Durante a conversa, Daniel Saks comentou  sobre alguns pontos de distribuição das revistas que eram postos de gasolina na região de Curitiba, local onde fica a editora e que nestes postos, um potencial público leitor vinha de caminhoneiros e viajantes. Essa premissa me atraiu de imediato pois está situado aí o básico, o primordial da publicação de Histórias em Quadrinhos, o público “comum”, o leitor interessado em simplesmente ler uma boa história, seja ela de qual gênero for. Nada de coisas mais aprofundadas ou estéticas a serem entendidas ou analisadas, apenas uma boa leitura que irá te entreter naquele momento em que se está saboreando a leitura. Essa estatística comentada me atiçou completamente e levou-me a propor para o editor a criação de uma série com um terror clássico, assim como foram as revistas de terror que tanto fizeram sucesso no país nos anos sessenta e setenta e era a premissa das publicações em questão. Essa série veio então na ideia de algo já um tanto desgastado no gênero terror, mas que justamente por isso valia uma nova olhada para uma repaginada: uma filha de Drácula. Exatamente isso. O Clássico conde de tantas hq’s, filmes, livros e mais o que for possível, ao longo de sua existência gerou um bom número de filhas, tanto no cinema, como nos quadrinhos, como na literatura ( Naiara, Nadia, Condessa Marya Zaleska, entre tantas...), todas carregadas com uma aura de mistério e muita sensualidade, a ideia então era trazer para algo mais palatável, uma filha meio que desconhecida pelo próprio vampirão, sim, já que havia feito tantas pelo mundo em diferentes épocas, que esta uma a mais havia lhe passado desapercebido e é justamente essa que irá lhe trazer dor de cabeça, pois trata-se de uma jovem, aparentando seus dezoito/vinte anos e que traz em si uma rebeldia natural à juventude e uma postura do tipo “foda-se/tô cagando pra tudo”. Essa premissa por si já valeria para dar, acredito, um novo tempero a esse tipo de personagem.
           
Delegado Janus e Fred,
dois antigos personagens rivalizando com Anya
 As minhas mulheres sensuais sempre foram uma característica forte em meus quadrinhos, neste caso aqui, procurei obviamente seguir essa qualidade, mas dando um tempero diferente, já que a personagem tinha uma atitude fora dos padrões, sua beleza não seria o que evidenciaria e sim essa sua característica rebelde, inclusive através de um visual mais despojado, tatuagens e outros adereços. Dentro do universo de histórias da personagem, soma-se o delegado Janus ( antigo personagem meu, que já apareceu na minissérie Depois da Meia-noite e na antiga série oitentista/noventista da personagem Meia-Lua, logo farei uma postagem comentando só dele, prometo) que investiga a série de assassinatos cometidos pela vampira, auxiliado por um velho detetive aposentado, Fred. Aqui, vale um detalhe: Fred foi criado nos anos sessenta pelo magnífico Nico Rosso para as hq’s seriadas do Drácula, o qual produziu uma infinidade e justamente tinha o detetive Fred como seu antagonista, que vivia a caça-lo por todos o canto. Nesta série da vampira Anya, quis fazer minha homenagem a esse fabuloso artista que muito me influenciou e ainda hoje reverencio, trazendo esse personagem de volta, mas nesta série, ele obviamente não é mais um jovem audaz como nas clássica hq’s de Drácula, e sim, um velho, porém incansável perseguidor do vampirão e sua prole. 
           
O roteirista Lillo Parra
Para essa empreitada, chamei Lillo Parra, grande roteirista, criador de um dos mais belos quadrinhos publicados nos últimos tempos, La Dansarina, feito em parceria com o artista Jefferson Costa, para criar comigo as histórias. O resultado foi que verdade, além das histórias da Anya, acabamos gerando (e ainda estamos) um universo todo interligado de clássicos personagens do terror B, como uma múmia e um monstro feito de lixo acumulado do nosso Rio Tietê, O Monstro do Tietê, que tiveram as artes de Will e Chris Ciuffi. As séries, encabeçadas pela Anya, a filha de Drácula, estão sendo feitas e ainda se encontram no começo, há muita coisa pela frente ainda e parece que os leitores estão gostando do que vem sendo apresentado.
            Como disse, a ideia toda é diversão, entretenimento. De minha parte, talvez mais divertir do que assustar e isso por si só já vale muito, além de acrescentar mais uma filha ( meio badass, mas tudo bem) pra essa minha prole de mulheres desenhadas.


Para saber mais sobre o Festival Guia dos Quadrinhos é conferir aqui
e para adquirir as revistas Mestres do Terror e Calafrio, é entrar em contato com o editor
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