30 de maio de 2011

O OFÍCIO DE COLOCAR HUMOR NO ROSTO DAS PESSOAS

O trabalho de caricaturista em eventos  é algo cansativo, dependendo, claro, do tempo de ação que o desenhista estará produzindo, mas no geral é uma carga horária extensa em se tratando de feiras e congressos: cinco, seis, sete horas e às vezes até mais. Porém, é claro que vou dizer a vocês que acaba sendo sempre gratificante, mesmo após, conforme disse, horas e horas desenhando ininterruptamente rostos a cada cinco minutos. Tecnicamente falando, se trata de um grande exercício de observação e rapidez. O desenhista precisa desenvolver uma habilidade de "fotografar" o rosto da pessoa para desenhá-la, logo que ela se senta ali na sua frente. Não há muito tempo para perder em observação, "análises". Tudo tem que ser muito rápido, desde o geral do rosto, até os detalhes.
Com o passar dos anos, aprende-se a perceber algumas caracte-
rísticas da pessoa que se senta
na sua frente. Pelo silêncio, pela
alegria, pelo nervosísmo, sim, muitas ficam nervosas naquele momento de ser desenhada, é quase como se a caricatura fosse
expôr algo que ela não quer compartilhar ou então, roubar algo que é só seu. Vai saber o que se passa na cabeça de cada um, sendo que na verdade, sem análises freudianas, o cartunista só quer mesmo é divertir as pessoas e também, óbvio se divertir. Em muitos anos que trabalho com esse seguimento, me deparei com situações de tremenda graça, de muita alegria, de muita risada e assim como, situações de grande emoção e essas sim, marcaram muito, pela representatividade que aquele desenho, aquela caricatura trouxe à pessoa, aquele momento. As pessoas sim
nos trazem isso, naquele breve momento, naqueles cinco minutos de desenho, onde muitas vezes a gente no profissional da coisa, na contínua sequencia de rostos,  se esquece dessas probabilidades humanas e artísticas. O artista, a obra e a pessoa.
Mas é claro que muitos e às vezes são uma boa maioria, nem dão muito bola para aquele desenho: não se lembram onde guardaram em casa ou na pior das hipóteses (se é que pode se chamar de pior), jogam fora. Mas essas, claro, se elas não ligaram muito para aquilo, não serei eu, ou qualquer outro cartunista que trabalha com ações dessas que irá se preocupar. A arte foi feita, o presente foi dado, o humor foi passado para o papel. Sim, sim, humor, aquela velha história, que é carregada da mais pura verdade: o melhor é rir de si mesmo.
Quanto tempo ainda farei isso?  Não sei e nem penso nisso. Porém, há uma frase que um velho amigo, antigo cliente, o Marcelo, me disse uma vez refererindo-se à minha pessoa (e eu aqui estendo a todos os colegas de profissão, de ação): "O homem que faz os outros rirem." Bonito isso, não? Tanto é que nunca esqueci essa forma que esse querido amigo se referia a mim, pois antes de qualquer pretensão estética, artística, filosófica ou o que for,
é tremendamente bom saber que ali, naqueles cinco minutinhos a única e melhor emoção que você e o modelo da caricatura compartilharam foi a alegria.

23 de maio de 2011

A CAPA DO AUTO DA BARCA

Finalmente a Editora Peirópolis fechou a edição do àlbum "Auto da barca do inferno", edição aliás, feita no capricho, o que tornou o resultado muito bom, é aguardar pra conferir.

Em postagens anteriores comentei sobre esse meu novo trabalho que tem o compadre Omar Viñole nas cores.

Essa versão de "Auto da Barca do Inferno" em quadrinhos traz o texto de Gil Vicente na íntegra e em português de Portugal
antigo, o que sem dúvida, irá aproximar
mais o leitor da obra original.

Logo deverá chegar à livrarias, por enquanto uma amostra da capa.




17 de maio de 2011

A PRAÇA SOLAR

            Essa praça fica aqui na Pompéia, bairro onde moro  em São Paulo, junto com minha família :esposa e filho.
           Gosto de dias ensolarados, céu azul bonito. Os que me conhecem intimamente, sabem disso, o quanto fico acizentando em dias cinzas. Redundâncias do espírito. Mas é assim mesmo. Porém, sei que é preciso entender as variações do tempo e que todas são necessárias. Pulemos este trecho da conversa então.
           Nessa praça costumo trazer o Gabriel para passear, ver muito verde, grama, crianças brincando, velhinhos se exercitando. Vez ou outra alguma boa sensação é vivenciada, apreciada, como outro dia em que eu e o Gabi em seu carrinho envenenado nos deparamos com um tremendamente feliz velhinho de seus 80 anos,  andando de bicicleta, todo feliz, todo sorridente, enquanto pedalava.
          Isso valeu a tarde. Valeu a ida à pracinha. E como sempre valeu sentir isso ao lado de meu filho.
         E eu não sei o nome da praça. Mas na próxima vez que for lá, vou procurar saber. Se é que isso importa mesmo.

11 de maio de 2011

BATE-PAPO SOBRE QUADRINHOS NO CCJ

No próximo domingo, amigos, dia 15 de maio, estarei no Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso, dentro do Programa de Formação em HQ e zine, falando sobre meu trabalho nos quadrinhos, desde a participação no movimento fanzineiro nos anos 80 até hoje em dia, passando pelas hq's do Zé do Caixão, a série da Tianinha, a mini-série Depois da Meia-Noite e a trilogia de livros Yeshuah.

Vai ser um bate-papo bacana. Espero vocês por lá!

6 de maio de 2011

O ESTUDO FOI O MELHOR

Recentemente andei mexendo em velhas pastas de originais (sim, nem tudo é backup) e separei algumas coisas que quero mostrar para vocês. Coisas legais, pelo menos para mim e que mesmo olhando com certas ressalvas, algo me traz prazer ainda em olhar.




Isso é um estudo feito com giz pastel oleoso para uma capa de livro. Não me recordo para que livro e para qual editora foi, pois faz muitos anos. Como em algumas vezes acontece, o esboço sai melhor que a finalização e esse foi um caso e mesmo levando esse argumento para os editores, acabei fazendo uma versão "mais bem acabadinha", porém a força ainda ficou com o estudo.