Com o passar dos anos, aprende-se a perceber algumas caracte-
rísticas da pessoa que se senta
na sua frente. Pelo silêncio, pela
alegria, pelo nervosísmo, sim, muitas ficam nervosas naquele momento de ser desenhada, é quase como se a caricatura fosse
expôr algo que ela não quer compartilhar ou então, roubar algo que é só seu. Vai saber o que se passa na cabeça de cada um, sendo que na verdade, sem análises freudianas, o cartunista só quer mesmo é divertir as pessoas e também, óbvio se divertir. Em muitos anos que trabalho com esse seguimento, me deparei com situações de tremenda graça, de muita alegria, de muita risada e assim como, situações de grande emoção e essas sim, marcaram muito, pela representatividade que aquele desenho, aquela caricatura trouxe à pessoa, aquele momento. As pessoas sim
nos trazem isso, naquele breve momento, naqueles cinco minutos de desenho, onde muitas vezes a gente no profissional da coisa, na contínua sequencia de rostos, se esquece dessas probabilidades humanas e artísticas. O artista, a obra e a pessoa.

Quanto tempo ainda farei isso? Não sei e nem penso nisso. Porém, há uma frase que um velho amigo, antigo cliente, o Marcelo, me disse uma vez refererindo-se à minha pessoa (e eu aqui estendo a todos os colegas de profissão, de ação): "O homem que faz os outros rirem." Bonito isso, não? Tanto é que nunca esqueci essa forma que esse querido amigo se referia a mim, pois antes de qualquer pretensão estética, artística, filosófica ou o que for,
é tremendamente bom saber que ali, naqueles cinco minutinhos a única e melhor emoção que você e o modelo da caricatura compartilharam foi a alegria.