30 de março de 2016

2015 - ANO DOS PARCEIROS: MARCATTI


           Com o enorme hiato de postagens  aqui no blog, acabei deixando passar algumas coisas importantes que aconteceram no ano passado, 2015. Fatos, trabalhos, lançamentos que sem dúvida, seriam e são importantes deixar registrado aqui neste meu espaço, onde vocês podem melhor conhecer meus quadrinhos e minha arte. Pois bem, então, é o momento de acertar esses buracos.
         Em março do ano passado, se não me falhe a memória, lancei a obra Dedos Mágicos, em parceria com o grande Francisco Marcatti, ou melhor, o Marcatti, figura ímpar e fundamental para a história dos quadrinhos brasileiros e em muito especial para o cenário independente, que obviamente dispensa maiores apresentações, pelo seu prestígio tanto como criador, como pelo seu trabalho pioneiro como editor de seus trabalhos, e pela sua história de mais de 30 anos de estrada. O pai dos alternativos. E o album Dedos Mágicos, como não poderia deixar de ser, foi lançado de forma independente e rodado na máquina impressora do próprio Marcatti: a intrépida Multilith 1250, fabricada em 1954.
            A ideia dessa parceria foi proposta por mim ao Marcatti em meados de 2014 (se não me engano, novamente, memória já não é a mesma...), durante uma viagem de volta para São Paulo, vindos de um evento de quadrinhos em Campinas. Marcatti, pediu uns dias para pensar, pois esse tipo de parceria era inédita para ele, e realmente passado alguns poucos dias, me retornou dando um ok  para minha absoluta alegria e honra.
          Nesse período, o Marcatti vinha de um processo, o qual ainda está: publicar toda sua obra, nova, inédita, assim como antigas e clássicas hq's, dentro de sua editora independente e com essa gerando um belo catálogo de seus trabalhos. Eu, vinha do lançamento de Yeshuah - onde tudo está, último livro da série de três, Yeshuah, obra mais que falada e conhecida, por vários motivos e um deles, pelo enorme tempo que levou para toda sua concepção, treze anos. A ideia nesse período, era justamente trabalhar com algo mais leve, mais descompromissado, até certo ponto, sem todo o peso (no melhor sentido possível) que foi produzir a trilogia. Nada mais interessante seria ver, como seria o universo escatológico, crítico, daquelas coisas que podem nos acontecer ao nosso lado, do Marcatti, que no caso faria o roteiro, ilustrado por mim.
          Foi muito interessante e um tremendo apredizado, adentrar um pouco no universo de criação deste grande e original artista. Com o roteiro pronto, Francisco (Marcatti, claro), me chamou para sua casa, para que fizessemos uma leitura de seu roteiro. Nada de enviar o texto via e-mail, para que eu o lesse em minha casa, em meu estúdio. Tudo funcionaria como uma leitura dramática, comum a atores e diretores, durante ensaio de uma peça de teatro ou filme  e essa impressão, proposta pelo Marcatti, deveria anteceder a uma leitura posterior minha do texto. Experiência nova, em se tratando d'uma parceria, roteirista - desenhista, que proporcionou algo novo, quase orgânico com a minha interpretação desta história. Acredito quje, realmente o ponto alto dos bastidores de Dedos Mágicos.  
           A história, conta sobre uma mulher e sua fixação e prazer com dedos e tudo que acarreta em sua vida, sua ligação com um homem bem mais velho, casado. Marcatti, conduziu esse roteiro com maestria e seguindo sua linha de criação, óbvio, que encrementando pontos onde o meu desenho, o meu jeito de
contar certas coisas, teria mais peso, como alguns momentos de clima mais erótico e a própria protagonista ser uma mulher sensual. Houve de minha parte, uma intenção de misturar épocas, tanto no tipo dos personagens, como em seus figurinos e cenários. Anos 50, 60 e o atual, se confundem, se misturam, tranquilamente. O resultado agradou a todos, ou quase todos, e a mim, uma experiência única, que começou com a intenção de algo mais descompromissado e que acabou se tornando, uma outra coisa, uma outra história.    
           Dedos Mágicos para os que se interessarem em adquirir e principalmente conhecer, pode adquirir em lojas especializadas aqui de São Paulo, como a Comix Shop, Monkyx e Gibiteria ou diretamente com os autores, através do site do Marcatti ou na lojinha virtual do meu site.
         
                                                                     





           

23 de março de 2016

DAVID ESCARLATE, O HERÓI DO ESPAÇO E SUAS ORIGENS

            Já é conhecido e vivenciado por muitos criadores, artistas, aquela história de algo criado de uma forma completamente descompromissada e sem preocupação com retorno de público. No caso específico meu, leitores. Há alguns anos criei uma série de tirinhas, o qual batizei de Banda Mamão, nome inspirado num antigo Fotolog que tive na época áurea dessas páginas pessoais na internet e que posteriormente virou esse blog aqui, enfim, essas tirinhas eram simplesmente um exercício de criação, de colocar pensamentos, raciocínios sobre diversas coisas, diversos assuntos, pois não me julgava e não me julgo ainda, um cartunista, um autor de tirinhas, um humorista. Como disse, o exercício de criação valia e vale a pena, como constante estímulo. As tirinhas tiveram seu próprio blog e posteriormente passaram a ser publicadas em secção do site do meu estúdio, com um interessante retorno e apreciação dos leitores visitantes.
            Nesse ritmo então, como um criador de Histórias em Quadrinhos mesmo, a questão de contar uma história foi mais forte do que ficar só criando tirinhas de humor ou reflexivas, daí nasceu, ou melhor, voltou (daqui a pouco explico isso), David Escarlate, o herói do espaço. A ideia não era fazer uma paródia a esse tipo clássico dos quadrinhos: o herói espacial, na linha Flash Gordon, Buck Rogers e mesmo Star Wars, embora num primeiro momento possa parecer. As tirinhas aventurescas deste personagem, trariam o sabor daquelas clássicas hq's e filmes antigos, sem a intenção da sátira, mas sim da aventura descompromissada. Vilões tradicionais, malvados, moças em perigo, heroínas intrépidas e um herói valente, audaz, sem medo de nada, se aventurando num universo conhecido e sem fim.
           A premissa dos episódios tirinhas, como batizei, era uma determinada situação em que o herói se envolveria e daí para frente, sua aventura iria ao bel prazer do exercício de imaginação, similar ao que me despus fazer nas tirinhas do Banda Mamão, com a vantagem de estar trabalhando dentro de um campo que conheço melhor que é do que contar uma história.
            Nessas idas e vindas de um despreocupado processo criativo, voltei lá atrás, bem lá atrás mesmo, em 1974, quando um então, menino com seus dez anos criou um herói para seus gibizinhos feitos em cadernos de desenho, coloridos com canetinha Silvapen (velha essa!) e lápis de cor, inspirado num dos primeiros heróis que havia lido e ficado fascinado: Flash Gordon, do grande mestre Alex Raymond. Parte inclusive deste princípio, a intenção de não fazer uma simples sátira, mas homenagear, dentro de uma linha leve, alegre e festiva essa primeira fonte de inspiração e principalmente o produto desta fonte, que então, aquele menino de dez anos fez, e que não me recordo agora quantos gibizinhos desenhados, pois só me restou esse acima.
E aí volto no início deste texto, onde comento sobre as tais coisas criadas de maneira descompromissada e que acabam gerando uma grande simpatia e apreciação do público, dos leitores. Assim foi com as tirinhas episódios de David Escarlate, onde fui descobrindo pela quantidade de visitações no site do Estúdio Banda Desenhada, que semanalmente tem uma ou duas tirinhas postadas e principalmente conversando com muita gente, pessoalmente ou via internet, todos fãs, curtindo as aventuras do herói loirão do espaço. Atualmente venho produzindo e publicando, sua segunda aventura, "Missão Ampulheta Quebrada", onde Escarlate sai na captura do vilão, o terrível Jacamolek, que alterou a estrutura do tempo, trombando neste percursso com vilões reptilianos, piratas cangaceiras, seres interdimensionais e o que mais vier pela frente. Como disse, as tirinhas não seguem um roteiro específico, são feitas no fluxo da consciência, tudo vai acontecendo conforme sento na mesa e vou produzir a tira a ser postada.
           Qual o saldo disso? Prazer, satisfação e contentamento de estar atingindo um público, que principalmente se diverte indo conferir o episódio do dia. Essa é a meta de todos nós criadores, o princípio básico, não? "Missão Ampulheta Quebrada" ainda seguirá mais uns bons capítulos, mas claro, ao seu término, o herói irá tirar um descanso e voltará, para sabe lá o que se aventurar novamente.
           E para os que ainda não conhecem, o herói David Escarlate, aparece semanalmente no site do Estúdio Banda Desenhada, neste endereço aqui .