29 de setembro de 2009

SENTIMENTOS FUTUROS



Na próxima semana enfim começa o 6ºFIQ. A rapaziada já está a mil para o evento e não é por menos. Muita coisa vai rolar. Muitos lançamentos. Um em especial ligado ao cenário independente vai marcar presença e com responsabilidade: a edição 8 da revista “Quadrinhópole” editada pelo roteirista Leonardo Melo.
A edição em questão tem como tema ficção-científica. Todas as histórias que compõe esse número tratam desse gênero, vasto gênero por sinal. Fui convidado pelo desenhista e editor Edu Mendes (de outra excelente independente, “Garagem Hermética”) a desenhar um roteiro seu: “Oxitocinax”. Nome estranho e difícil de falar. Topei embora não ache, ou melhor, tenha a certeza, de não se tratar de um gênero que me dê bem desenhando. Mas vale a experiência, principalmente porque então, o Edu me proporcionou total liberdade para compor a história. Visualmente na minha forma de narrar e na concepção dos personagem.
Para ser sincero não me recordo de termos conversado sobre a concepção visual dos personagens, o que ele, como criador do roteiro esperava. Bem, sem essa premissa parti para meus caminhos e dar vida aos personagens vindos da cabeça (de pouco cabelo) do Edu.

“Oxitocinax” é uma hq passada em um futuro não muito distante. Bem, isso é básico. Optei em trabalhar com um background muito próximo à nossa realidade, principalmente por dois lugares da hq serem peças fundamentais: um laboratório, tipo um posto de saúde e um metrô. Locais tremendamente comuns em nosso dia a dia e muito urbano. Os figurantes dessa história então, pensei que salvo intervenções estilosamente futuristas, digamos assim, deveriam ser muito identificáveis com pessoas do nosso dia a dia. E assim foi e assim está o tempo todo na hq.
São três os personagens dessa trama: um ciborgue que faz seus cambalachos para se sustentar, um balconista atendente do laboratório e um funcionário do metrô.
Para compor o rosto do ciborgue, imaginei um cara meio na linha do Bruce Willis. Confesso a vocês não morrer de amores por esse ator, porém o seu ar cínico e frio, inexpressivo era o que o personagem meio homem meio máquina pedia, embora na finalização, no desenhar a hq, ele não tenha ficado parecido com o ator hollywoodiano. Ainda falando em atores gringos, o astro Morgan Freeman serviu para que eu compusesse o atendente do laboratório. Há algo meio de paizão que esse ator passa, porém há um lado irônico daquelas pessoas mais vividas e experientes que observa alguém e diz “Bem, deixa ele quebrar a cabeça, assim aprende” que novamente achei que caberia para esse personagem, principalmente porque o balconista conhece muito bem o protagonista da hq. Mas acrescentei porém, uns cílios grandes para que ele tivesse também um certo jeito "delicado". Por fim, o funcionário do metrô, usei o ator global Anderson Muller que ficou mais conhecido por interpretar o guarda de transito corno na novela “Caminho das Índias”. Há algo ali naquele personagem que interpretou que achei que se adequava ao visual do funcionário do metrô. Achei mais interessante sair do estereótipo do cara esperto (pois o personagem meio que pede isso) e jogar algo meio abobalhado nele, mas “não muito”, pois é quando justamente o ciborgue cruza em seu caminho, aí sim, surgiu a oportunidade dele também se dar bem.

Pensei numa São Paulo caótica futurista, como o próprio roteiro sugere. Suja, abarrotada de gente. O Laboratório em que a ação acontece lembraria os postos de saúde e hospitais públicos brasileiros. O tempo é sempre frio.

“Oxitocinax” tem roteiro do Edu Mendes, conforme disse, desenhos desse vosso escriba e arte-final do Omar e será lançada na próxima semana durante o FIQ. Quem estiver por lá, confiram. Quem não for, é só aguardar ela chegar nas comics shops.



Arte da capa da próxima Quadrinhópole feita pelo tremendo Will.

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