No mês de outubro, estive juntamente com os
cartunistas Mário Mastrotti, Sergio Morettini e Luigi Rocco,
trabalhando no XXXII Congresso Brasileiro de Psiquiatria, realizado
este ano em Brasília.
Nossa ação foi no stand da Libbs,
laboratório farmacêutico, consistiu em retratar em três cenas, três
quadros, momentos significativos das pessoas que estivessem presentes no stand
da empresa, visitando, na sua grande maioria, psiquiatras: profissionais,
estudantes e residentes. As pessoas sentavam nas mesas onde cada um de nós
estava posicionado e rapidamente contava coisas relevantes da sua história,
fatos importantes e nós, dentro de um limite de tempo, reproduzíamos nesses
três quadros.
Para nós, Mário,
Morettini, Luiggi e eu, acostumados até então, a ação de fazer caricaturas ao
vivo em eventos e festas, essa ação foi algo completamente novo, inusitado,
proporcionando outro estímulo e a criação de uma nova técnica para trabalhar
com desenho ao vivo, claro que o fato de todos trabalharem com histórias em
quadrinhos, cartuns e tirinhas, ajudou muito e foi a principal base para a
ação. Neste caso, em pouquíssimos minutos, tínhamos que ouvir a história que e
pessoa contava, formular as cenas a serem desenhadas e fechar a história.
Em Brasília,
foram quatro dias de trabalho, de quase dez horas diárias, e posteriormente em
novembro, repetimos a ação em um congresso de cardiologia em Curitiba, para o
mesmo contratante. Para mim, especificamente falando, tratou-se de uma
experiência nova, emocionante, pois foi muita gente que passou pela minha mesa,
muitas histórias, e algumas, acredito que uma boa maioria, histórias muito
fortes, de superação, de crença num ideal, de amor à profissão. Houve momentos
em que só pelo fato da pessoa sentar-se e começar à pensar no que iria me
contar já trazia emoção a ela e posteriormente a mim. No final do trabalho do
primeiro dia, principalmente, além de exausto, eu estava de espírito
completamente suspenso em algo difícil de compreender, um êxtase, uma sensação
de transcendência a algo maior que eu, pois havia sido muita história ouvida,
muita emoção recebida das pessoas, compartilhada. Uma experiência fabulosa para
um criador, um artista, acostumado a só contar histórias para os outros,
afinal, essa é a função de nós, criadores de quadrinhos, escritores, pintores,
cineastas, levar nossa emoção aos outros. Receber emoção, receber histórias
fortes que te envolvem, acaba nos transformando, nos tornando simples e calados
ouvintes, nos fazendo entender como a vida é maior, como ela é uma grande
aventura e principalmente, entendendo que todos fazemos parte dela. Isso sem
dúvida foi marcante, acredito que para todos os outros que estiveram comigo.
Um eterno aprendizado que
cada vez mais torna a experiência humana e artística, uma coisa só. Fascinante.
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