26 de março de 2013

TRILHA SONORA E INSPIRAÇÕES PARA UMA HISTÓRIA EM QUADRINHOS Final


           Na postagem anterior comentando sobre a questão de músicas e temas que servem como inspiração, clima, trilha sonora para a criação e o desenvolvimento de uma HQ, concentrei o texto todo no meu trabalho Yeshuah, onde ali sim, como puderam constatar, a música tem um papel importante. Mas agora, para fechar essa série de textos sobre o assunto e essa relação do meu trabalho com a música, reservei o espaço para comentar dois quadrinhos meus: um especialmente inspiradíssimo na música e vindo da música, “Histórias do Clube da Esquina”, álbum que lancei pela Devir Livraria em 2011 e que homenageia o movimento musical vindo das Minas Gerais, mais especificamente de uma esquina de uma rua do bairro de Santa Tereza em Belo Horizonte e outro, sobre a série de hq’s da loira descolada e muito safada, a Tianinha que fiz durante muitos anos.

           “Histórias do Clube da Esquina” como foi amplamente divulgado em matérias, entrevistas que dei e mesmo postagens aqui no Banda Mamão, foi minha definitiva homenagem ao cantor, músico e compositor Milton Nascimento e sua genial e talentosíssima turma de amigos como Wagner Tiso, Fernando Brant, Ló e Marcio Borges, Beto Guedes, Toninho Horta, Ronaldo Bastos e por aí vai, pois é muita gente, um clube que, como eles mesmo dizem, não tem começo e nem fim. A música sempre teve um papel fundamental em minha vida e muito durante minha entrada na adolescência e no decorrer dela, como é claro, foi para muita gente. A música do Milton e turma foi pedra fundamental que moldou muita coisa em mim, pessoal e artística. E claro, ouvi muito o som da turma do Clube da esquina, muito, muito, muito.
           
  Curiosamente durante a produção do álbum “Histórias do Clube da Esquina”, onde muita das histórias contadas era justamente sobre músicas clássicas do repertório da turma, pouco ouvi como trilha sonora. Motivos diversos, um deles, talvez por já não ouvir tanta a música deles, embora ainda ame e tenha minha reverência e outro por estar mais preocupado em como desenvolver o livro em si, já que ele vinha com 14 páginas previamente produzidas para o site do Museu Clube da Esquina que iria encaixar no livro. Uma preocupação criativa, artística, porém técnica na preocupação clara de gerar algo novo para os leitores que já conheciam esse primeiro material que estava no site. O resultado final foi satisfatório e deu no que deu: uma excelente vendagem tanto pelos leitores de quadrinhos interessados como para os fãs da música do Clube da Esquina.
           Enfim, muito mais que agregar várias músicas para compor uma trilha sonora para criar, o silêncio puramente foi elemento primordial para dar a cara a “Histórias do Clube da Esquina”, ou falando de uma maneira mais poética, digamos assim, o amor feito neste livro homenagem, transcendeu qualquer trilha, mesmo que fosse dos próprios homenageados.

           Tianinha, a loira safada, teve uma tremenda notoriedade, uma boa legião de fãs principalmente via internet que ainda hoje, passado quatro anos do termino de sua série ainda comentam sobre ela e, como não poderia deixar de ser, vivem pirateando suas histórias por aí. A série foi produzida de 2000 até 2009, com mais de cem hq’s criadas, três edições especiais, um fotologue que chegou a ter 200 mil visitações mensais, enfim, criar a série da Tianinha não teve que eu me lembre de alguma trilha básica que servisse como fonte criadora. O Omar Viñole, arte-finalista e colorista da série, comenta que o rock pauleira rodava em seu aparelho de som e computador nas horas de trabalho nas hq’s da loira, eu, porém, sempre me servi mais das referências cinematográficas, visuais, para gerar um clima mesmo, principalmente as pornochanchadas nacionais dos anos 70 que pude assistir muito (milagre da carteirinha falsificada, claro!), assim como os filmes pornôs dos anos 80, quando a coisa ainda era, digamos, um pouco mais inocente, diferente da indústria que se tornou hoje, principalmente no cinema pornô americano. Beldades do gênero, como Debi Diamond e principalmente a loirinha deliciosa e mignon Ginger Lynn foram fontes de inspiração para dar personalidade e na imagem da personagem. Quem acompanhou a série da Tianinha pode perceber que há um clima de pornochnachada dos anos 70 na série, onde o humor, situações doidas faziam parceria com o erotismo. Tianinha foi sempre (e como não poderia ser diferente) mais visual em suas fontes inspiradoras do que musical.

           Mas claro, se vocês forem me perguntar se existe alguma trilha sonora para se ler Tianinha, eu prefiro responder que óbvio que sim, mas aí vai do seu gosto dentro do que você pode imaginar d’uma loirona caliente, gostosona e disposta a te fazer sair do sério em todos os sentidos. Enfim, se depois disso tudo, vocês ainda tiverem tempo de pensar em uma trilha adequada, tudo bem.

Nenhum comentário: