Na postagem anterior comentando sobre
a questão de músicas e temas que servem como inspiração, clima, trilha sonora para
a criação e o desenvolvimento de uma HQ, concentrei o texto todo no meu
trabalho Yeshuah, onde ali sim, como puderam constatar, a música tem um papel
importante. Mas agora, para fechar essa série de textos sobre o assunto e essa
relação do meu trabalho com a música, reservei o espaço para comentar dois
quadrinhos meus: um especialmente inspiradíssimo na música e vindo da música, “Histórias
do Clube da Esquina”, álbum que lancei pela Devir Livraria em 2011 e que
homenageia o movimento musical vindo das Minas Gerais, mais especificamente de
uma esquina de uma rua do bairro de Santa Tereza em Belo Horizonte e outro,
sobre a série de hq’s da loira descolada e muito safada, a Tianinha que fiz
durante muitos anos.
“Histórias do Clube da Esquina” como
foi amplamente divulgado em matérias, entrevistas que dei e mesmo postagens
aqui no Banda Mamão, foi minha definitiva homenagem ao cantor, músico e
compositor Milton Nascimento e sua genial e talentosíssima turma de amigos como
Wagner Tiso, Fernando Brant, Ló e Marcio Borges, Beto Guedes, Toninho Horta,
Ronaldo Bastos e por aí vai, pois é muita gente, um clube que, como eles mesmo
dizem, não tem começo e nem fim. A música sempre teve um papel fundamental em
minha vida e muito durante minha entrada na adolescência e no decorrer dela,
como é claro, foi para muita gente. A música do Milton e turma foi pedra
fundamental que moldou muita coisa em mim, pessoal e artística. E claro, ouvi
muito o som da turma do Clube da esquina, muito, muito, muito.
Enfim, muito mais que agregar várias
músicas para compor uma trilha sonora para criar, o silêncio puramente foi
elemento primordial para dar a cara a “Histórias do Clube da Esquina”, ou
falando de uma maneira mais poética, digamos assim, o amor feito neste livro
homenagem, transcendeu qualquer trilha, mesmo que fosse dos próprios
homenageados.
Tianinha, a loira safada, teve uma
tremenda notoriedade, uma boa legião de fãs principalmente via internet que
ainda hoje, passado quatro anos do termino de sua série ainda comentam sobre
ela e, como não poderia deixar de ser, vivem pirateando suas histórias por aí.
A série foi produzida de 2000 até 2009, com mais de cem hq’s criadas, três edições
especiais, um fotologue que chegou a ter 200 mil visitações mensais, enfim,
criar a série da Tianinha não teve que eu me lembre de alguma trilha básica que
servisse como fonte criadora. O Omar Viñole, arte-finalista e colorista da série,
comenta que o rock pauleira rodava em seu aparelho de som e computador nas
horas de trabalho nas hq’s da loira, eu, porém, sempre me servi mais das referências
cinematográficas, visuais, para gerar um clima mesmo, principalmente as
pornochanchadas nacionais dos anos 70 que pude assistir muito (milagre da
carteirinha falsificada, claro!), assim como os filmes pornôs dos anos 80,
quando a coisa ainda era, digamos, um pouco mais inocente, diferente da indústria
que se tornou hoje, principalmente no cinema pornô americano. Beldades do gênero,
como Debi Diamond e principalmente a loirinha deliciosa e mignon Ginger Lynn
foram fontes de inspiração para dar personalidade e na imagem da personagem. Quem
acompanhou a série da Tianinha pode perceber que há um clima de pornochnachada
dos anos 70 na série, onde o humor, situações doidas faziam parceria com o
erotismo. Tianinha foi sempre (e como não poderia ser diferente) mais visual em
suas fontes inspiradoras do que musical.
Mas claro, se vocês forem me
perguntar se existe alguma trilha sonora para se ler Tianinha, eu prefiro
responder que óbvio que sim, mas aí vai do seu gosto dentro do que você pode
imaginar d’uma loirona caliente, gostosona e disposta a te fazer sair do sério
em todos os sentidos. Enfim, se depois disso tudo, vocês ainda tiverem tempo de
pensar em uma trilha adequada, tudo bem.
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