Conheci o Jaguar, no final dos anos noventa... ou talvez bem no início dos anos dois mil ... memória quase zero... mas era o período em que trabalhei como ilustrador das revistas Sexy, G Magazine e Set, da então editora Rickdan. Trabalhava diretamente com o jornalista Licínio Rios, grande editor, com quem aprendi muito, muito e foi por causa dele que criei a Tianinha nesse mesmo período. Uma ocasião, tive uma reunião editorial com ele e fui até a Rickdan (nesse período ainda tinha esse troço de reuniões presenciais) e estava numa pequena sala de espera, aguardando para ser atendido, quando me sai o Licínio, pedindo desculpas, mas teria uma reunião meio rápida com o Jaguar que estava de passagem por São Paulo e tinha que acertar umas coisas com ele e, se eu não me incomodaria de aguardar um certo tempo. “Sem problemas” respondi, mas naquele entusiasmo interno “Caramba, o Jaguar!!!”. O Licínio me informara que ele estava no banheiro e que a coisa não iria demorar. Mal acabara de dizer isso e vem o Jaguar saindo do banheiro e fomos apresentados, logicamente ele já soltou aquela frase básica, “Lavei as mãos, viu?!” Pensando agora, vindo do Jaguar será mesmo? Trocamos um papo rápido ali e em seguida os dois entraram para a tal rápida reunião.
Passaram quinze minutos e volta Licínio me chamando para participar do papo. Delícia de conversa, que se estendeu acredito que umas duas horas. Ver aquelas duas feras conversando, Jaguar, criador do “Pasquim” e de tanta coisa... tremenda... era só observar e aprender... e claro, a conversa misturava de tudo, temperado com um lado debochadamente pessimista que o Licínio tinha (esse querido amigo já há tempos foi para outras redações) e o deboche escancaradamente humorado do Jaguar.
Nos encontramos outras vezes, não me recordo em que lugares foram... um
deles, com certeza, na Bienal de Quadrinhos de Curitiba... (memória quase zero...).
Sempre um bom papo. Porém, nessa primeira vez houve um detalhe que obviamente
me chamou a atenção, o Jaguar saíra do banheiro na redação, com o zíper da
calça completamente aberto e a calça molhada com respingos (seria do “lavar as
mãos”??) e assim ficou o papo todo e assim foi embora.
Passado esse
momento, ficara ali na redação para a tal reunião com o Licínio e não me detive
em comentar esse detalhe com ele: “Coisas de Jaguar, meu amigo”, respondeu ele,
“Vai ver até percebeu isso... coisas de Jaguar, vai saber...”.